Kathia Zanatta

Kathia Zanatta

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Profissional autônoma, Sommelière de Cervejas e Engenheira de Alimentos. Sócio-diretora do Instituto da Cerveja Brasil e CluBeer. kathia.biersommelier@gmail.com; kathia.zanatta@institutodacerveja.com.br; Cel: (19) 98122 3274

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Aprecie sem devastação
Enquanto o Brasil ainda engatinha no assunto, empresas do Hemisfério Norte faturam com o aumento dos fãs da cerveja ambientalmente correta 

Edson Franco
Sustentável | Edição: 2134 | 04.Out.10 - 01:00




Há outra loura na vida do príncipe Charles. A paixão por ela teve início em 1990, ano em que o monarca britânico decidiu que a fazenda da família iria produzir alimentos orgânicos, inclusive cevada. Tudo ia bem até 2002, quando o fabricante que comprava do príncipe quebrou. Ele pegou a cevada, associou-se a uma cervejaria e lançou a Duchy Originals Ale. Desde então, faturou mais de R$ 16 milhões, doados à caridade.
Com objetivos menos filantrópicos, cervejarias do Hemisfério Norte embarcam na onda da sustentabilidade. Lotam balcões de bares e prateleiras de mercados com bebidas orgânicas – feitas com ingredientes cultivados sem pesticidas ou fertilizantes químicos – ou produzidas sem deixar nenhum rastro de carbono para trás. Os incentivos para tanto vêm crescendo. No ano passado, os americanos desembolsaram US$ 41 milhões em cervejas com algum apelo ambiental, o dobro do que haviam gasto em 2007. Os EUA são o paraíso das louras orgânicas. Em junho, acontece por lá o Festival dos Cervejeiros Orgânicos. A edição deste ano foi a de número 6, reuniu mais de 50 marcas e recebeu cerca de 20 mil visitantes.

Antes de misturar seus ingredientes livres de agrotóxicos, alguns produtores americanos estão empenhados em tornar sustentável todo o processo de produção. O país já abriga quatro cervejarias abastecidas com energia solar. Uma delas é a Sierra Nevada. O estacionamento da empresa é coberto com painéis capazes de gerar 1,9 megawatt. “Isso atende a 40% das necessidades da fábrica e a 100% das atividades do escritório”, diz Cheri Chastain, coordenadora de sustentabilidade da empresa. A energia que vem dos ventos também ajuda a manter funcionando as cervejarias ambientalmente corretas. Carregando a palavra sustentabilidade até no nome, a Brooklyn Sustainable Porter é produzida numa planta 100% abastecida pela energia eólica. Para completar o receituário dos fabricantes comprometidos com o planeta, há os exemplos da marca australiana Cascade Green – que compra créditos de carbono para zerar emissões – e da americana Great Lakes, que abastece seus caminhões com biodiesel.

Ok, o planeta agradece, mas e os apreciadores? As cervejas orgânicas reproduzem o mundo das convencionais. Vão do intragável ao sublime, segundo sommeliers e sites especializados. Uma coisa é certa: as orgânicas propiciam uma experiência diferente. Única loura do tipo produzida por uma grande empresa no Brasil, a Eisenbahn Pilsen Natural tem uma coirmã “normal”. “A orgânica é mais refrescante e combina com pratos leves, como sushi, sashimi, cuscuz marroquino e saladas”, diz Kathia Zanatta, sommelier de cerveja. Como nem só de pratos leves vive o homem, há opções como as fabricadas pela alemã Pinkus-Muller. São quatro versões que podem acompanhar desde tortilhas até, claro, chucrute. O problema: essas e outras bebidas do gênero são dificílimas de encontrar no Brasil. Ainda engatinhamos no assunto.



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